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domingo, 30 de dezembro de 2007

Miguel .

(   Talvez por ser hoje o último dia do nosso ano, eu resolvi te escrever. A coragem me falta para ir te ao teu encontro. Só que, dessa vez, não vou jogar essas palavras na gaveta a qual costumo guardar as coisas que nos pertenciam. Ela está cheia demais com tantas outras cartas que escrevi contando o que se passava comigo nesse tempo todo. Não tinha certeza se você estava interessado em saber. Mas só o fato de te escrever já me tranqüiliza um pouco. Quem sabe você ainda seja o motivo pelo qual ainda elaboro textos. Tenho esperanças que de um jeito ou de outro eles cheguem até você. Na verdade, só quero saber se está tudo bem. Se anda tendo juízo do jeito que eu te aconselhava nas ocasiões em que você saía sozinho. Você sabe, eu sempre me preocupei demais. Ah, me pergunto se você já parou com essa mania boba de não se cuidar, de não tomar remédio e só escutar o que te agrada. Acho que isso tudo de mim ficou em você, das tantas vezes que falei repetidamente. Imagino que hoje você sempre pegue um casaco antes de sair, porque eu dizia que e o tempo ia mudar e realmente mudava. Eu acho que de mim você só deve saber que já não me apego tanto a desconhecidos. Desconhecido, lembra? Era como você se referia a si mesmo. Você tinha razão, naquela época nós éramos mesmo desconhecidos um para o outro. Ah, agora o telefone não é mais o meu meio de comunicação para as madrugadas em que eu sentia falta de alguma companhia. Naquele tempo só o seu número me vinha à cabeça. Sempre. Olha, desde aquele dia que você disse que não voltaria, eu durmo acreditando ser mais uma de suas brincadeiras. Por noites eu esperei você me acordar me dizendo que era só pra me assustar. Esperei aquele sorriso de criança que aprontou alguma travessura. Sabe, espero que nesse novo ano você perca um pouco o orgulho, porque ele te faz perder pessoas que te querem bem. Eu já te disse isso uma vez, mas você costumava não me ouvir. Não recuse mais abraços também, não da mesma maneira que recusava os meus. Eles costumam fazer bem, mesmo pra quem diz que não precisa de um. Aliás, não viva só de raiva, não guarde tanto rancor. Pra que isso? O tempo passa, as pessoas erram, Miguel. Aprenda a perdoar. Aprenda a viver mais leve, sereno. Confie mais. E, por favor, olhe mais para o céu. Pare de pensar em problemas um minuto. Pare de pensar só em você. Porque, apesar de tudo, dos dias que me senti culpada, das tantas vezes que você não me atendia, da porta aberta. Apesar de não querer eu ainda te espero. Eu ainda te quero. Ame mais a vida. Ame mais a si mesmo. E me ame, Miguel. Porque eu te amo. Muito. Você sabe onde me encontrar. Quem sabe o ano ainda não terminou para nós.   )

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

primavera .

Amanheceu. Uma manhã chuvosa e um tanto fria demais para o começo de dezembro. Era primavera, sua estacão preferida. Vai até a porta que dá para o jardim e observa a chuva cair preguiçosamente sobre as flores. Vê os pássaros brincando nas pequenas poças formadas. Dias assim, com nuvens pesadas e céu com cor de solidão sempre a aborreciam um pouco. De repente sai do seu meio devaneio quando seu nariz começa a ficar gelado como o vento. Fecha a porta. Sai em busca de um cobertor qualquer onde possa se enrolar e assim ficar por toda a tarde. Se fosse há um tempo atrás, talvez na outra estação, ela colocaria uma música para tocar, faria um chocolate quente para eles, enquanto ele a observava e ria ao ver o modo como ela se atrapalhava na cozinha. Mas agora ela já não sabe o que fazer, por isso passa tão longe do toca-disco e do bule, afinal. Quem sabe hoje apenas fique rodando por todos os canais, sentada em frente à TV e pare quando achar algum bom romance. Nas mãos, uma xícara de chá. Era o primeiro dia acizentado desde que ele partira e ela torcera tanto para que não fizesse mais dias nublados na sua primavera.  )

maria cláudia .