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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

carta .

(   Ela liga o chuveiro e fica observando a água gelada cair lentamente. Tomando coragem. É o melhor jeito que ela encontra pra conseguir pensar quando suas idéias se confundem. Não se mexe de tão imersa que se encontra em seus próprios pensamentos. Na verdade eles estão muito, muito longa e na  carta que acabara de receber. Ou mais ainda, na pessoa a quem aquelas palavras pertenciam. Não era possível, depois de tanto tempo. Agora que já não esperava mais por ele nem mais se perguntava por onde ele andava, seu endereço, se estava bem. Pensa que foi até melhor não ter recebido notícias nenhuma. Acha engraçado e sorri ao ver o esforço que ele fizera em lhe escrever uma carta tão bonita quanto aquela. Logo ele! Até tentar caprichar na letra ele tentou, olha. Tão diferente da carta de despedida que havia encontrado quando ele se foi. Ele que costumava dizer que não era bom com as palavras, pois bem, olha só que grande mudança. Era a coisa mais linda que ela já havia lido. Nada de rodeios, nada de palavras raras que servissem como algum consolo. Nada de desculpas.  Como ele. As lágrimas misturavam-se com gotas. Dias de sol, de chuva, filme, risadas, vazio, solidão.  E em meio aos flashes que lhe vinham à memória e a tantas frases desconjuntas, uma apenas o redimia por todas as noites que ela pensou nele sem conseguir dormir. As duas últimas linhas. Definitivas: “eu te quero sempre, todos os dias.  Eu penso em você, mais do que eu poderia imaginar ou querer. Eu te amo. Eu te prometi uma vez que isso não ia mudar. Nunca.”. Ela já sabe. Quando desligar o chuveiro irá pegar um papel pequeno e uma caneta. Num bilhete mal escrito irá colocar umas poucas palavras. “Volta. Eu sempre te esperei.”.  )

maria cláudia .

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

é só mais um desses dramas .

(   Pensa ela ao enxugar uma lágrima furtiva numa dessas costumeiras noites chuvosas de janeiro. Segurando seu travesseiro como se ele fosse envolvê-la num abraço apertado. No chão, restos de pipoca e chocolate quente. Aperto. No peito.  Ela não entende porque insiste em colocar romances para rodar nesses dias. Mas coloca. Ele ainda faz falta.   )

 

maria cláudia  .

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

oi .

(   Tudo bem? Desculpe ligar a essa hora. É que eu precisava te ouvir um pouco. Mesmo. Como assim quem é? Eu sei que você sabe que sou eu. Você só não quer admitir que ainda reconhece minha voz. Na verdade, eu me controlei ao máximo para nunca mais pegar esse telefone e me esforcei para esquecer seu número, ao menos. Só que tem coisas que, por mais que eu adie, precisam ser ditas. Então, não me atrapalha, por favor. Deixa pra falar só depois que eu tiver terminado. Você sabe como eu tenho dificuldades em falar essas coisas. É, eu sei que gaguejo quando estou sob pressão. E eu tenho certeza de que você ainda se importa. Como? Se não se importasse não estaria com essa paciência toda, a essa hora da madrugada, ouvindo minhas bobagens. Não, não dá risada, não! Não parou ainda com essa mania de dar risada de coisa séria? Eu aqui, toda apreensiva, achando a melhor forma de falar e você aí. Rindo. Não me atrapalha, não vem falar que eu fico bonitinha quando pareço brava. Você tá fazendo isso pra eu perder o que ia falar e ficar mole, né? Como eu sei? Conheço sua técnica. Você sempre soube que eu fico meio boba quando você começa com essas coisas. Você faz isso de propósito? Não fala nada, eu sei que faz. Por que tá tão quietinho? É verdade, eu que pedi. Isso mesmo. Mas quer saber? Agora já nem sei mais o que eu ia falar. Esqueci o discurso que acabei de decorar antes de te ligar. Lógico que a culpa é sua! Só que no fim eu sei que você não gosta de mim, só que eu começo a achar que gosto mesmo de você. Não me pede pra explicar, tem coisas que eu sei e pronto. Viu!? E você não gosta mesmo, porque nem tentou discutir comigo dessa vez.  Você lembra como a gente costumava ter discussões de brincadeira? É, eu sinto mesmo saudade daquele tempo. Vou parar de enrolar. Eu só liguei pra dizer que to sentindo a sua falta. Eu sempre sinto saudades demais, eu sei. Ve se volta pra me ver um pouco, tá? Aham, vou ficar aqui. É. Mesmo endereço, não mudei nada. E olha, eu não tava brincando, eu gosto de você. Tá, tudo bem que agora era a sua hora de falar. Tudo bem, eu finjo que acredito. Aham, era só isso sim. Se cuida, viu? Olha. Boa noite (meu menino)! )

maria cláudia .